Lula convida Silvio Costa Filho para compor seu Ministério
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Lula convida Silvio Costa Filho para compor seu Ministério

Confirmado como novo ministro de Portos e Aeroportos no lugar de Márcio França, o deputado federal Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE), embora tenha uma trajetória política marcada pelo alinhamento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi grande entusiasta da condução econômica do ex-ministro Paulo Guedes durante os primeiros anos de gestão do governo Jair Bolsonaro (PL).
Relator do projeto de lei que conferiu autonomia ao Banco Central, alvo de críticas de Lula e do PT, o político pernambucano de 41 anos justificava os acenos ao governo anterior porque, no seu entendimento, tinha “uma das melhores equipes econômicas das últimas duas décadas”.

No ano passado, Sílvio Costa Filho foi relator da PEC que proibiu a União de criar despesas para Estados, Distrito Federal e municípios sem definição de fontes orçamentárias. Também relatou na Câmara a PEC 10/2021, que estabeleceu incentivos fiscais para setores de tecnologia e comunicação.
Recentemente, apoiou o governo nas votações do programa Minha Casa, Minha Vida, redução do preço dos combustíveis, piso da enfermagem, reforma tributária, voto de qualidade no Carf e arcabouço fiscal.

Silvinho, como é mais conhecido no Congresso e nas rodas políticas pernambucanas, diz que permanece como defensor da autonomia do Banco Central, mas que é preciso aprofundar o diálogo sobre a política monetária no país. “Penso que a autonomia do Banco Central melhorou a imagem do Brasil perante os agentes econômicos. Houve uma sinalização positiva para atrair o investidor do mercado nacional e internacional”, defendeu.

Por outro lado, o novo ministro afirma não existir justificativa para o que classifica de elevada taxa básica de juros no país. “Concordo com o presidente [Lula]. É urgente a necessidade de diminuição da taxa”, declara. No início de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, fixando em 13,25% ao ano.
No primeiro mandato na Câmara dos Deputados, Sílvio Costa Filho presidiu a Comissão de Defesa do Consumidor e a Frente Parlamentar Mista do Novo Pacto Federativo. Atualmente, integrava a Comissão de Constituição e Justiça e era vice-presidente da Frente Parlamentar Mista da Indústria.

Em 2020, embora ainda apoiasse a agenda econômica de Bolsonaro, começou a se distanciar do governo. As críticas à forma de o ex-presidente governar, com ataques virulentos aos ministros do Supremo, foram acentuadas.

Eleitor de Lula

Em 2022, Sílvio Costa Filho marcou posição contra o próprio partido ao declarar voto em Lula já no primeiro turno das eleições. “Desde que fui vereador [em 2004], sempre estive ao lado do presidente Lula”, relembra ao Valor. Dois anos antes, votou em Fernando Haddad (PT) contra Bolsonaro, mas não mergulhou de cabeça na campanha. Nas redes sociais, não havia manifestação de apoio ao petista.

O quarto integrante pernambucano da Esplanada é filho do ex-deputado Silvio Costa (Avante), que ganhou projeção nacional após atuação enfática contra o processo de impeachment, em 2016, da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Diz ter orgulho do papel desempenhado pelo pai na ocasião. “Mostrou que é um democrata.”
Diferentemente de “Silvão”, conhecido pelo temperamento explosivo e contundência crítica contra adversários, o novo ministro de Portos e Aeroportos tem perfil mais discreto e conciliador. Transita bem entre partidos dos mais diversos espectros políticos e é reconhecido até por adversários como um “lorde no trato” e “um jovem talento” na arte da política.

Em 2016, após desentendimentos internos do PT, acabou sendo escolhido como vice na chapa encabeçada pelo ex-prefeito do Recife João Paulo (PT). O petista foi derrotado por Geraldo Julio (PSB), que disputou a reeleição.

Dez anos antes, Sílvio Costa Filho era aliado do então governador Eduardo Campos (PSB), morto em acidente aéreo durante a campanha presidencial de 2014. Entre 2007 e dezembro de 2009, comandou a Secretaria de Turismo de Pernambuco na gestão de Campos.

Deixou o cargo em meio a um escândalo na contratação de “shows fantasmas” com emendas alocadas via Ministério do Turismo. Ele chegou a ter bens bloqueados durante a investigação.

“Eu pedi exoneração do cargo na época e tomei a iniciativa de procurar os órgãos de controle, como Polícia Federal e Ministério Público Federal. Depois, não encontraram indícios de irregularidades. O Ministério Público arquivou o processo”, diz.
Em 2018, eleito deputado federal pela primeira vez com mais de 100 mil votos, Sílvio Costa Filho, já distanciado do PSB, apoia o grupo político liderado pelo ex-senador Armando Monteiro na derrota contra o então governador de Pernambuco (PSB), Paulo Câmara.

Dois anos depois, se reconcilia com líderes do partido e apoia João Campos (PSB) contra Marília Arraes, então no PT, na disputa pela Prefeitura do Recife.

Embora tenha ótimo trânsito no PT, Sílvio Costa Filho já trocou farpas com o senador Humberto Costa (PT), maior liderança do partido no Estado, após o petista ter insinuado, em 2020, que o seu pai havia virado bolsonarista. Em nota, disse que Costa não falava a verdade e que era uma “figura estranha”.

Formado em pedagogia com especialização em administração, é de uma família do ramo educacional. A vida pública foi iniciada em 2004, quando se elegeu pelo PMN vereador do Recife aos 21 anos, o mais jovem da história da cidade.

Dois anos depois, tornou-se deputado estadual e, antes de assumir secretaria no governo do Estado, foi vice-líder do governo Eduardo Campos. Em 2010 e 2014, pelo PTB, se reelegeu deputado estadual

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