O promotor de Transportes do Ministério Público de Pernambuco, Leonardo Caribé, publicou hoje (28) no Diário Oficial (DO) uma recomendação ao governo do estado de suspender a implantação das catracas duplas, que estão em testes em algumas linhas de ônibus da Região Metropolitana do Recife. Além da suspensão, o órgão pede a retirada dos 41 equipamentos já instalados em 14 linhas. Embora seja uma recomendação, o pedido deve ser entendido como uma determinação. Caso não cumpra, o governo do estado poderá ser alvo de uma ação judicial.
A suspensão deverá acontecer até que as catracas atendam às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Segundo o promotor, o MPPE recebeu diversas reclamações dos usuários e a retirada é fundamental para garantir a segurança e o conforto de quem usa os coletivos. A determinação já foi encaminhada ao Grande Recife Consórcio de Transportes (CTM), responsável por gerir o sistema.
Inibir evasão de receita
As catracas duplas começaram a ser instaladas de fato em março deste ano. Antes disso, a estratégia chegou a ser testada, antes da pandemia da covid-19. A justificativa para a instalação é a evasão de receita dos coletivos. Segundo cálculos do governo do Estado, a perda na arrecadação devido a passageiros que usam o transporte sem pagar é entre 15% e 20%, ou seja, cerca de R$ 20 milhões por mês a menos de passagens pagas e quem subsidia esse valor é o governo.
Críticas dos passageiros
Quem usa o transporte público tem reclamado do novo modelo de catracas. Recentemente passageiros registraram o momento em que uma mulher acaba ficando com a cabeça presa na parte superior da catraca. Quem carrega mochilas, bolsas e sacolas vêm reclamando da dificuldade e do aperto na hora de passar. Além disso, uma segunda caraca foi instalada na porta traseira dos veículos, para também tentar inibir quem tenta entrar por trás sem pagar. Linhas que andam comumente lotadas agora contam com menos espaço para os usuários.