*Por Gabriel Couto

O xadrez é mais do que um jogo de estratégias no tabuleiro, é um aprendizado para a vida, como nos revela o Mestre Nacional Erick Feitosa, renomado enxadrista e atual campeão pernambucano. Nós conversamos com Erick antes do aguardado Campeonato Brasileiro Absoluto de Xadrez, e acompanhamos sua trajetória, desafios superados e os planos para o torneio que promete agitar Recife nos dias 13 a 21 de dezembro.

Entrevista com MN Erick Feitosa:

1. Quem é Erick Feitosa, e seu estilo de jogo reflete na sua personalidade?
MN Erick Feitosa: Sou o tipo de pessoa que gosta de pensar, planejar oportunidades e melhorar como pessoa, e no tabuleiro não é diferente, tento achar os melhores planos e buscar as melhores oportunidades para vitória, mas as vezes haverão erros, então sempre busco reforçar onde falho.

2. Pode compartilhar um pouco sobre suas conquistas mais significativas no xadrez?
MN Erick: Com certeza minha maior conquista foi o campeonato pernambucano deste ano, e anterior a ele, tive um campeonato brasileiro 2022 muito bom, conquistando o nono lugar do Brasil.

3. Como está sendo a preparação para o absoluto desse ano?
MN Erick: Confesso que não tenho nada preparado em específico para o brasileiro, devido a outros focos da vida atualmente, minha vantagem em relação ao ano passado é que venho jogando bem mais competições, e estou com os dois tornozelos disponíveis (risos); ano passado tive uma torção poucos dias antes de começar o brasileiro, então joguei com muletas.

4. Quais estratégias você utiliza para conciliar seus estudos em engenharia de energia na UFPE com a prática intensiva do xadrez?
MN Erick: Já passei muito aperto na faculdade devido em que determinados momentos o foco foi no xadrez, mas como eu respondi na primeira pergunta, gosto muito de planejar, então, observando a grade da faculdade, já sabia quais disciplinas fazer em cada momento. Também adaptei a grade aos meus horários disponíveis, devido a isso, até o momento sou o mais adiantado da turma. Voltando a falar de xadrez, esses planejamentos serviram também para saber quais competições jogar em cada momento e quando se preparar.

5. Pode compartilhar um pouco sobre a sensação de ser o atual campeão
pernambucano de xadrez?
MN Erick: É algo que eu não esperava, não passava pela minha cabeça chegar aonde cheguei, me limitava muito, como um garoto que gostava de xadrez recém-chegado do interior da Bahia. Então foi uma sensação de muita festa e alegria. Muitos jogadores de outros estados estavam torcendo por mim, e até mesmo vários dos meus adversários me abraçaram, parabenizaram e me incentivaram a crescer mais, então mais do que o título estadual, esses incentivos são sensações que não dão para trazer em palavras.

6. Quais são os maiores desafios que você enfrentou ao longo da sua jornada no xadrez e como os superou?
MN Erick: Me dói um pouco falar sobre isso, mas um dos maiores desafios que enfrentei foi a falta de apoio de alguns familiares, principalmente quando era menor de idade e tinha que ir jogar algum torneio fora da cidade, acabei jogando pouquíssimos eventos, e só em Salvador e em Recife. Eu sempre falo para meus alunos que jogaram o campeonato brasileiro escolar, que nunca tive oportunidade de jogar, porque as pessoas ao meu redor não entendiam a importância que o xadrez tinha na minha vida.

7. Fale uma lembrança engraçada e outra especial relacionada a partidas de xadrez no Recife?
MN Erick: São tantas que é difícil de escolher (risos), uma engraçada foi quando empatei com o MF Vinicius Tiné, uma grande referência do estado, e não passava pela minha cabeça que eu poderia arrancar um empate de alguém tão forte, quando terminou a partida, e estendi a mão, percebi que estava com a mão tremendo, o que não lembro de ter acontecido antes. Já uma especial, foi meu primeiro torneio que vim jogar aqui, se eu não me engano em 2015, vim sozinho de Paulo Afonso até aqui jogar um torneio em homenagem ao jogador pernambucano Maurício horta, onde no torneio sub-18 venci todas as partidas, além de ter vencido o homenageado na simultânea; e no torneio aberto, pela primeira vez enfrentei um mestre internacional de xadrez, que hoje é grande mestre, Yago Santiago.

8. Qual é a importância do campeonato deste ano para você, considerando sua experiência e suas conquistas anteriores?
MN Erick: Apesar de eu não me sentir bem preparado, esse torneio é muito importante devido as vagas para as olimpíadas e vem diversos mestres de todas as regiões. Dificilmente terei o desempenho do ano passado, mas a expectativa é fazer boas partidas independente do resultado, e quem sabe atingir o objetivo atual que é os 2100 pontos de rating fide.

9. Quando e como foi para você deixar de representar Pernambuco como
federação neste absoluto?
MN Erick: Minha UF sempre esteve na Bahia, pois comecei a jogar xadrez lá, mas pretendo mudar a UF para Pernambuco, porém dessa vez perdi o prazo (risos), tem uma taxa e uma regra que precisa ficar um mês sem jogar a competição. Enfim, várias pessoas já acharam que eu era de Natal, Paraíba e Alagoas. Esse ano joguei em todos esses estados do nordeste, incluindo Sergipe e Bahia, então quando perguntam de onde sou, digo que sou nordestino! E quero deixar claro que apesar da UF ser Bahia, que foi o local que cresci, sou de origem da bandeira mais bonita do Brasil, então na minha visão é só uma UF, no meu coração represento Pernambuco mesmo não sendo de forma 100% oficial.

10. Quais conselhos você daria para jovens jogadores de xadrez que estão começando a se dedicar ao esporte?
MN Erick: Que independente do seu resultado, não desista do xadrez, apesar de ser um esporte individual, eu fiz diversos amigos nesse meio, claro que ganhar é bom, e vou tentar ganhar sempre! Mas o mais importante, com certeza, são as memórias e os amigos que fazemos nessa jornada.

O Mestre Nacional Erick Feitosa, com sua abordagem estratégica, não apenas conquistou títulos no tabuleiro, mas também superou desafios pessoais, transformando-se em uma inspiração para jovens enxadristas. Sua participação na Final do 89º Campeonato Brasileiro Absoluto de Xadrez promete adicionar camadas emocionantes a um torneio já repleto de talento e história.

Falta 1 dia para a do 89º Campeonato Brasileiro Absoluto de Xadrez.

*estagiário sob supervisão