Nesta sexta-feira (21), o programa Diálogo discutiu o tema “Fazer justiça com as próprias mãos”. O debate contou com a participação do deputado estadual Joel da Harpa (PL), do coronel Julierme Veras, secretário de Defesa Social do Cabo de Santo Agostinho e do advogado criminal Renato Fazio.
O deputado Joel destacou que a sociedade brasileira tem um sentimento de impunidade, insegurança e falta de confiança em relação à justiça, mas afirmou que isso não justifica atos de linchamento. Em relação ao caso de Arthur, um menino de 2 anos assassinado no último domingo (16), em Tabira, no Sertão de Pernambuco, o parlamentar afirmou que não se deve culpar a polícia pela morte de um dos suspeitos, linchado enquanto era levado à delegacia. Joel enfatizou que a quantidade de policiais era insuficiente diante do grande número de pessoas presentes no local do crime e argumentou que o Estado carece de leis mais rígidas para combater a violência.
O coronel Julierme Veras concordou com a análise de Joel e sugeriu que a solução para o caso seria transferir os suspeitos para outra cidade vizinha, a fim de evitar a pressão popular. Segundo ele, o sentimento de impunidade reflete diretamente na segurança pública. O coronel também observou que, no Brasil, o homicídio é o crime mais grave no Código Penal, mas que, de todos os homicídios cometidos, apenas 8% têm autoria identificada e 3% resultam em prisões. Ele afirmou que a identificação dos agressores no caso de Arthur é um desafio.
Renato Fazio, por sua vez, comentou que muitos dos envolvidos no linchamento do caso Arthur agiram por impulso, como parte de um movimento de manada, sem compreender completamente o que estavam fazendo. O advogado também concordou que a responsabilidade pela morte de um dos suspeitos não deve recair sobre o efetivo policial, e que uma ação mais organizada poderia ter evitado o linchamento. Fazio citou outro exemplo, como os confrontos registrados durante o jogo entre Santa Cruz e Sport. Ele reforçou que, embora existam políticas públicas para combater a violência doméstica e familiar contra crianças e adolescentes, o sentimento de impunidade diante desses casos alimenta reações violentas por parte da sociedade.