O programa Diálogo desta quinta-feira (17) discutiu a crise de saúde mental que atinge trabalhadores no Brasil. O país registrou, somente em 2024, mais de meio milhão de afastamentos do trabalho por questões psicológicas, um recorde que acende o alerta sobre as condições laborais atuais. Participaram do debate o advogado trabalhista João de Castro, presidente da Comissão de Direito do Trabalho da OAB Olinda, o psicólogo Cleyson Monteiro, e o psiquiatra Gustavo Arribas, da Gerência de Atenção à Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Pernambuco.
João de Castro ressaltou que os problemas de saúde mental não afetam apenas o indivíduo, mas todo o ambiente corporativo. Quando um trabalhador adoece, a empresa também adoece, e é preciso tratar o problema de forma mais ampla. Ele também alertou para o aumento nas ações de rescisão indireta, motivadas por excesso de jornada, metas abusivas e sobrecarga. Segundo João, é fundamental investir em ações preventivas e na formação de gestores mais conscientes.
Cleyson Monteiro destacou que os dados oficiais referem-se apenas aos trabalhadores vinculados à Previdência Social, deixando de fora uma grande parcela da população que se encontra no mercado informal. Ele afirmou que há algo errado nas dinâmicas de trabalho atuais, e que muitas pessoas estão acumulando jornadas, sobrecarregadas, e isso tem levado a quadros de esgotamento e burnout. Para ele, o descanso deve ser visto como necessidade básica e não como luxo.
Já o psiquiatra Gustavo Arribas apontou sinais de alerta que indicam o adoecimento emocional, como mudanças no comportamento, ansiedade e perda de identidade. Ele explicou que o ser humano adoece em sociedade, mas também pode se recuperar nela. O caminho passa pelo reconhecimento do problema, definição de prioridades e uma rede integrada de assistência psicossocial.