Nesta quinta-feira (27), o programa Diálogo foi dedicado aos desafios da adolescência na era digital, com a participação de Gabriela Amorim, psiquiatra especialista em Saúde Mental da Infância e Adolescência da Secretaria de Saúde de PE, Eduardo Andrade, gerente geral de Anos Finais da Secretaria de Educação de PE, e Marijones Pinheiro, psicóloga, mestranda em Saúde Mental e professora do curso de Psicologia da UNINASSAU Olinda.
Durante o bate-papo, Gabriela destacou que o Brasil ocupa a segunda posição mundial no uso frequente de telas, com uma média superior a nove horas diárias no celular. Ela afirmou que as redes sociais não são neutras e transmitem uma falsa sensação de plenitude, apresentando situações que não correspondem à realidade. Gabriela defendeu que monitorar o que o filho acessa nas redes sociais não é uma invasão de privacidade, mas sim uma atitude de cuidado e atenção. Ela alertou sobre o imediatismo que marca a sociedade atual e enfatizou a importância de se dar tempo para as situações. Além disso, falou sobre a necessidade de saber equilibrar o mundo real e o virtual, e citou um dado alarmante: nos lares com crianças menores de cinco anos no Brasil, há mais tablets do que livros, o que gera grandes repercussões para o desenvolvimento das crianças.
Eduardo destacou a importância de individualizar o atendimento a cada aluno, levando em conta seus processos, conflitos e objetivos específicos. Para ele, é essencial que os jovens tenham limites e que os pais exerçam sua função de orientação, sem se limitarem a uma relação de amizade com os filhos. Em relação à educação, Eduardo comentou sobre a proibição do uso de celulares nas escolas, ressaltando que essa medida deveria ter sido precedida de uma preparação adequada. Ele também mencionou que muitos estudantes estão apresentando crises de ansiedade devido à distância de seus celulares. Por fim, ele enfatizou a necessidade de uma parceria entre a família e a escola, com o objetivo de promover o bem-estar do aluno, ressaltando que o diálogo é fundamental, e que o uso ilimitado das redes sociais pode adoecer as pessoas.
Marijones refletiu sobre o atual momento da sociedade, caracterizado por excessos, imediatismo e a busca constante por resultados rápidos. Ela destacou que a adolescência é uma fase de transição, marcada por conflitos, emoções intensas e a escolha de uma profissão. Nesse cenário, o adolescente busca nas redes sociais respostas para seus questionamentos, e, segundo ela, é crucial que os pais ou responsáveis supervisionem o que está sendo acessado. Marijones reforçou a importância da presença do adulto, que deve ouvir e validar as experiências cotidianas vividas pelos adolescentes. Ela também alertou sobre o cyberbullying, que pode ocorrer de forma individual ou em grupo, afetando profundamente o indivíduo, especialmente quando o alvo são questões relacionadas à sua sexualidade.