O programa Diálogo desta sexta-feira (25) foi dedicado ao tema alienação parental, em alusão ao Dia Internacional de Combate à Alienação Parental, celebrado na data de hoje. Para discutir o assunto, participaram do bate-papo Marcelino Jorge, psicólogo, Amélia Calado, advogada especialista em Direito de Família e Karina Fonseca, assistente social e advogada especialista em Direito de Família.
Marcelino Jorge iniciou a conversa destacando a existência da legislação sobre o tema e explicando o conceito de alienação parental, que envolve uma série de implicações afetivas e psicológicas para crianças e adolescentes. Ele ressaltou que a prática pode resultar em responsabilização criminal para quem a comete. Segundo o psicólogo, a criança ou adolescente acaba envolvido em um conflito que não lhe pertence, sendo usada como instrumento de disputa entre os pais — o que compromete seu bem-estar emocional. Marcelino também alertou para sinais indiretos da alienação sofridos pela vítima, como insônia, ansiedade, gagueira e até a regressão a fases anteriores do desenvolvimento.
A advogada Amélia Calado apresentou a Lei 12.318/2010, que define a alienação parental como uma interferência psicológica na formação da criança ou do adolescente. Ela esclareceu que o alienador pode ser além de um dos pais, também avós ou qualquer pessoa que detenha a guarda, vigilância ou autoridade sobre o menor. Amélia chamou atenção para um dado alarmante: o aumento de 1500% nos casos de alienação parental no Brasil nos últimos anos. De acordo com ela, boa parte dessas denúncias surgiu durante a pandemia, período em que houve um aumento significativo no número de divórcios. A advogada destacou ainda que, diante de indícios de alienação, é fundamental a atuação de profissionais especializados para que o diagnóstico seja preciso e a situação devidamente comprovada.
Karina Fonseca complementou a discussão afirmando que a alienação parental é um nome novo para um problema antigo, presente tanto nas famílias brasileiras quanto em outros países. Segundo ela, trata-se de um fenômeno difícil de identificar, pois se configura como um jogo psicológico marcado por falas negativas e manipuladoras contra o outro cuidador. Para Karina, trata-se de uma disputa de afeto que migra da esfera emocional para o campo jurídico. Ela reforçou que, embora a prática seja mais comum em casos de separação, também pode ocorrer em famílias onde os pais ainda vivem juntos. Karina defendeu a capacitação de profissionais para lidar adequadamente com essas situações, de forma a proteger os direitos e o bem-estar das crianças e dos adolescentes envolvidos.