TV Nova exibe filme pernambucano que destaca o protagonismo das mulheres no Maracatu Nação Leão Coroado
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TV Nova exibe filme pernambucano que destaca o protagonismo das mulheres no Maracatu Nação Leão Coroado

O Maracatu Nação Leão Coroado é o mais antigo em atividade ininterruptas desde sua
fundação em 1863. Essa longa história, como na maioria dos grupos, sempre foi conhecida
a partir da liderança masculina, a exemplo de Luiz de França, uma das maiores referências
do maracatu em Pernambuco. Quase 200 anos depois da fundação, o filme Leoas: o
legado feminino no Maracatu Leão Coroado, realizado com incentivo do Funcultura, vem
destacar o papel de protagonista das mulheres na Nação, onde elas sempre estiveram
contribuindo com o seu trabalho, mas sem a visibilidade merecida. A pré-estreia será aberta
ao público, nesta sexta-feira, dia 15 de março, às 19h, no Museu da Abolição, no Recife. No sábado o filme, que teve co-produção da Ará Produções e Criativo Filmes, terá sua estreia na programação da TV Nova, às 20h30.

 

“Leoas é sobre reconhecer e valorizar a contribuição de várias mulheres, de diferentes
gerações, no Maracatu Leão Coroado. É sobre a nossa história, nossas vidas, contadas por
nós”, afirma Karen Aguiar, realizadora do filme e a primeira mulher a assumir a regência do
Leão Coroado, em 2018, com a morte inesperada do seu avô, Mestre Afonso Aguiar. Na
época Karen tinha 18 anos, e de lá para cá, ampliou sua atuação para além do baque,
trabalhando também na salvaguarda dos saberes do maracatu e das pessoas que o fazem.
A ideia inicial do projeto era registrar os saberes de Dona Janete Aguiar no maracatu,
esposa de Mestre Afonso e também costureira, administradora e Dama do Paço da Nação,
mas que nunca teve o mesmo reconhecimento do marido. Dona Janete morreu antes que o
projeto pudesse ser concretizado e Karen decidiu, a partir de Dona Janete, registrar os
saberes e as histórias das outras mulheres que fazem o Leão Coroado, para conservar
esse legado enquanto ainda há tempo.

Karen Aguiar é a primeira regente do Leão Coroado, tendo assumido o posto após a morte do seu avô e mestre Afonso Aguiar / Divulgação

No filme, oito mulheres que desempenham papéis diferentes no maracatu (batuqueiras,
baianas, rainha, presidenta) falam sobre suas experiências, sentimentos e medos que
enfrentam na Nação, tocando em pautas que as atravessam, como negritude, religiosidade
e a invisibilidade das mulheres dentro da tradição. “O projeto também se tornou um espaço
para que a gente finalmente falasse o que tava guardado por trás de tanta força e cuidado
com a Nação”, explica Karen. Para ela, o próprio fazer do filme mudou a visão das mulheres
que fazem o Leão Coroado sobre si mesmas. “A percepção e confirmação de que nós
somos as referências de nós mesmas caiu como um abraço”, pontua.

Após a exibição, haverá um debate com Karen Aguiar e as mulheres que participaram do
filme. A expectativa da realizadora é de que o filme provoque uma mudança na relação da
sociedade com a herança histórica dos povos negros, em especial, das Nações de
maracatu.

“Eu espero que o Leoas doc seja um ponto de partida na história do registro e salvaguarda
dos saberes das Nações. Que a gente passe a registrar os saberes não só dos mestres,
mas que a gente registre as pessoas que fazem a Nação de fato. A pessoa que costura, a
pessoa que cozinha, a pessoa que toca tambor há muito tempo, todas essas coisas”.

Mais informações:
Fonte:
da Redação
Foto:
Divulgação